terça-feira, 31 de julho de 2007

A um ser humano atrás de um corpo

Esta semana conversei com meus alunos sobre a consciência que temos que ter sobre o comportamento sexual. Aprender a diferenciar o ato do sentido que a sexualidade deve ter em nossas vidas. Somos muito mal educados sexualmente. Vivemos mais o consumo do corpo do que a entrega ao outro. Não temos o menor critério ao nos entregarmos às pessoas. Vivemos o limite de tudo em nosso próprio sentimento e orgasmo. Reproduzimos na vida a cama e a cama na vida, isto quando usam a cama. Alguns fazem em pé, o que não é ruim, desde que não seja falta de opção e sim variação de posição.
Este rompimento com o caráter consumista do corpo impede que a profundidade das relações eduque a afetividade dos jovens. Eles continuam crescendo com recalques, falta de auto-estima, capacidade de discernir entre o sentimento imediato, e lógica futura das ações.
Confesso que a aula me deixou apreensivo. Conversar com adolescentes sobre estes temas é delicado, gera sentimento de contrariedade e tensão, mas calculo que na vida os melhores aprendizados são fruto dos embates angustiantes de nossa existência. O aprendizado vem de fora e se alimenta da angústia que fermenta dentro de nós.

O melhor programa social

Projeto de construção de alcooduto de 528 km, ligando Maringá a Paranaguá esta se tornando uma realidade. A Copel, Alcopar e Compagás seriam parceiras na construção do alcooduto. A obra levaria a produção de álcool da região norte e noroeste para a exportação.
A produção de etanol seria exportada com maior facilidade, reduzindo custos e permitindo a intensificação produção de álcool na região norte e noroeste.
O estudo de pré-viabilidade do projeto do alcooduto já passou a primeira fase, a de viabilidade. Na segunda fase, a que está em andamento, é o detalhamento da implantação e viabilização da obra, ampliando parcerias na construção.
As mudanças serão significativas para nossa região. Produção de álcool se amplia e ganha uma condição de redução de custos de produção, redução do custo de transporte e geração de emprego. Serão 300 mil metros de combustíveis mensais, fator que incentivariam o aumento da produção.
O caminho percorrido da região noroeste até o Porto de Paranaguá utilizaria áreas onde já estão instaladas as linhas de transmissão, gasodutos e oleodutos, sem prejuízo para a ocupação de áreas produtivas.
Projetos como este trazem a necessidade de revermos o nosso papel enquanto área econômica agroindustrial. Não podemos perder a oportunidade de consolidarmos uma função no mercado internacional. Investimentos como este geram mais respostas do que programas assistenciais sem uma finalidade de integração a economia formal.
Melhor do que distribuir pratos de comida é dar um sentido a vida. Que venha o alcooduto.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

O Problema do Mito

Ser um ídolo é uma função ingrata. A condição da perfeição que é imposta ao mito pode ocasionar sua depressão quando ele não consegue suportar o peso do próprio sucesso e a expectativa que se cria com suas práticas, Daiane dos Santos na ginástica, por exemplo. Em outros mitos temos o excesso de confiança e a capacidade de ser insuportável. A lista dos indesejados por se acharem mito é imensa. Podemos destacar Romário, Edmundo, Tevez, Pelé, Maradona, etc. Todos estes e muitos outros foram vítimas do próprio excesso.
Em Maringá temos Ricardinho do Vôlei, um dos principais jogadores da seleção brasileira que foi cortado pelo técnico Bernardinho por causa do excesso. Faz bem o técnico é necessário por limites. Esperamos apenas que Ricardinho entenda que faz parte de uma equipe e que não constrói a verdade do todo sendo importante em uma parte. Suas qualidades enquanto jogador não o autorizam a ser senhor do time ou intervir na função do treinador. Mas, enquanto que alguns tentam demonstrar a verdade, o mito tem seus discípulos e não faltam os que babam em torno da divindade, prontos a convence-la que sua razão é eterna e seus atos irreprimíveis.
Deste fato podemos tirar apenas a conclusão que ele não se encerra no excesso dos mitos, faz parte, cada vez mais, da prática de cada um, estamos acostumados a nos consideramos pequenos mitos de nossas vidas, buscamos discípulos, mas no fundo estamos sozinhos.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Perigos da profissão

Foi importante o debate de hoje com meus alunos de jornalismo sobre o exercício da profissão. Critiquei a preocupação demasiada com a técnica e o quanto esquecemos do conteúdo necessário para o crescimento do profissional e para o sentido que sua função exige. O jornalista é um analista social e um literário eterno do cotidiano. Uma obra que, muitas vezes, lhe foge do roteiro mas lhe impõe a necessidade das mãos na busca da essência da sociedade, a qual é sua matéria-prima e os fatos que ela promove as gotas que encharcam o sentido da vida na comunicação. A comunicação é encantadora, mas seu condutor tem que ter a competência para atuar com coerência e se desejar fazer diferença na contudo profissional e social. É preciso construir mais um homem e menos um operador de funções sem sentido. Evitar o simples relator de fatos.

Observatório Social

O município economizou nove milhões com a atuação do Observatório Social. A participação da entidade acompanhando as compras e mantendo um controle rígido sobre os gastos públicos deu resultado. Os nove meses de trabalho do Observatório são a demonstração de que é possível a transparência nas contas do Estado na administração recursos que pertencem a população. O espírito privado dentro do gasto público é fundamental. Existe um excesso em pagamento de produtos com valores elevados, estoques desnecessários e falta de controle sobre o patrimônio do Estado. Nestas brechas muitas empresas fornecedoras do estado se aproveitam para obter vantagens e se beneficiar de desvios de recursos e superfaturamentos. O sucesso de um controle sobre os gastos do Estado não significa que o governo deve se tornar uma empresa. Não podemos, contudo, confundir a função do Estado como representante dos interesses sociais. A necessidade de um acompanhamento dos gastos públicos por instituições que represente a sociedade e gere transparência da máquina do Estado é elogiável e necessário. Porém não podemos cair no tecnicismo pregado pelos regimes autoritários em que para os cargos representativos tínhamos que, obrigatoriamente ter técnicos. Temos sim, que nos cargos técnicos ter especialistas. Nas secretarias e ministérios, nos escalões de alto e baixo comando da administração do Estado precisamos de mão-de-obra capacidade. Romper com o clientelismo e empreguismo colaboraria demasiadamente para a economia dos recursos públicos. Por isso não é preciso de um presidente, governador ou prefeito que seja formado em administração, mas um representante público transparente em seus atos e uma máquina pública com mecanismos de controle eficientes, como no caso de Maringá o Observatório Social está fazendo com a administração municipal.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Retrato trágico do Brasil

Um Airbus da TAM (vôo JJ3054) que transportava 186 pessoas derrapou na pista do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo e se chocou com um prédio da própria TAM e explodiu. Hoje, o acidente representa o maior acidente aéreo da história do Brasil, e um dos 30 mais graves da aviação mundial. O que todos os brasileiros se perguntam é: O que está acontecendo com a aviação brasileira?
Vivemos nestes últimos anos um aumento significativo do uso de aviões pela população brasileira como opção de transporte para longas distâncias. A acessibilidade ao consumo de passagens aéreas foi um dos significativos ganhos dos consumidores com a estabilização monetária que o país vive. O preço é amargo em uma estrutura que não acompanhou o mesmo crescimento. O risco que os passageiros passam constantemente ao pegarem vôos domésticos no Brasil é assustador. Aeroportos sem estruturas, controladores de vôos administrados por uma estrutura pública antiquada, herdada da Ditadura Militar, empresas aéreas que em busca do lucro fácil não se preparam com estruturas físicas e humanas para atender os passageiros, aparelhagens de controle do vôo arcaicas que geram precariedade do controle do espaço aéreo, enfim uma aviação precária diante de um mercado, até agora, promissor.
A tragédia com o avião da TAM é um retrato do descompasso entre um país administrado pelo improviso, com descaso ao direito do cidadão e o desrespeito ao consumidor. Cada vez mais temos menos informações sobre os verdadeiros motivos de um caos na aviação. A transparência não chega entre os mecanismos que administram a aviação no Brasil, como não chega em boa parte da administração pública.
Para piorar o caos e a crise em que vivemos temos que considerar que este acidente já estava anunciado em sinais que vão de acidentes pequenos em aeroportos até mesmo caos e atraso nos principais aeroportos do país.
Toda vez que pensar em um retrato da crise que o país atravessa, lembre-se deste acidente. Ele é a cara do Brasil.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Mãos na Obra

Enquanto ficamos discutindo a Convenção do PMDB e a vitória de Crispin, o PAC chegará a Maringá através de várias mãos (Silvio Barros II, Ricardo Barros, Ênio Verri, Roberto Requião e Luis Inácio Lula da Silva). Enquanto ficamos discutindo se o PMDB seria ou não invadido para servir aos interesses externos, a convivência entre as diferenças gera recursos para Maringá em uma ação supra partidária. Lembro-me daquele velho ditado: "enquanto alguns vão com a farinha outros já assaram o pão". Os acordos e alinaças nacionais para a manuntenção da governabilidade vão além dos meros acordos locais. Estes se agrupam e rompem ao prazer dos mecanismos de poder que sustentam a máquina nacional. Podem fazer efeito e ter seus limites de intervenção, mas não podem romper a própria estrutura que os sustentam, a máquina politica nacional. Sendo assim, o Crispin ganhou, mas não levou. Afinal este é o limite do que se pode fazer, de quem faz e para que serve. Mais uma lição do que é o PMDB.

O PAC chega a Maringá

Estamos recebendo 25 milhões do PAC que serão investidos na revitalização da região do Bairro Santa Felicidade, um dos bairros mais carentes de Maringá. Importante decisão que cria uma expectativa de melhorar a qualidade de vida de um nódulo da periferia. O Bairro Santa Felicidade e adjacentes tem criado um poder paralelo ligado a violência. As características de comandos locais dominados por criminosos e que assumem muitas vezes funções que pertencem ao Estado cresce constantemente no Brasil. Isto dificulta a ação dos aparatos de controle e fortalece o poder do crime que, rapidamente se organiza. Para a população carente a ação assistencialista do crime gera cumplicidade e a falência da cidadania.
Maringá não foge a regra e tende a tomar o caminho de uma guerra urbana onde de um lado a região de bem estar e de outro a miséria concentrada se enfrentam. Infantil quem considera que estas duas realidades não provocam uma tensão cada vez maior e propagam com isso a violência diária. Menos porque os miseráveis existem, mais porque servem com matéria-prima, mão-de-obra para os interesses escusos de quem vive nas regiões de privilégio. Crime não é comandado pelos moradores periféricos, sua liderança mora, veste, come e dorme bem.
Os trabalhadores urbanos de baixa qualificação moram na periferia e observam, tocam e cheiram nosso lixo de excesso e não reciclado, transitam entre a possibilidade das áreas centrais e a falta de condições mínimas das periferias. Esta realidade fere os olhos, machuca a alma e revolta a mente, muitas vezes limitada, de quem vive no dia-a-dia entre a falta e o excesso.
Esperamos que o PAC faça sua parte em Maringá, afinal a revitalização de bairros é elemento vital para o crescimento econômico. A qualidade de vida gera investimentos e produtividade.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Imagem de papel

Maringá ficou na 33a. posição entre as cidades de melhor condição para se fazer carreira profissional. O que determinou isto foram às escolhas que Maringá fez nos últimos 20 anos. Maringá abriu mão do desenvolvimento industrial como diretriz de crescimento, perdeu o mercado atacadista como pólo e conseguiu conciliar o agronegócio com uma política de prestação de serviços estruturando a cidade para atender ao consumo varejista. O desenvolvimento das instituições de ensino superior permite formar um novo produto, a mão-de-obra qualificada. A prestação de serviço cresce e mantém uma cadeia de instituições de comércio varejista que domina a vida e a paisagem econômica da cidade. Que belo quadro se tudo fosse teoria. Esta mesma condição é ambiente propício para criar um comportamento consumista em uma sociedade onde parte considerável dos jovens que freqüentam as instituições de ensino tem um poder médio ou alto de consumo. São consumidores natos de uma vida fácil e de prazeres constantes. Que pena que ainda não conseguimos aliar as instituições de ensino a uma vida cultural mais intensa e uma formação humana que seja construída com atividades públicas que evoquem o sentido da ciência e da tecnologia na vida social. Descarregamos a força de nossa existência em comportamentos medíocres, em prazeres que nos assustam em forma de violência. São eles que demonstram que as instituições de ensino não têm melhorado o caráter do ser humano que a freqüenta. Também não acredito que isso possa ocorrer. Medimos o homem pelo bolso e não pelo caráter. Não construímos bons modelos de liderança nos últimos anos, não propagamos um homem melhor como identificação pública. O número de crimes, corrupção, desmandos, consumo de drogas, assassinatos e trânsito nos condenam.
Diante de nossa posição na lista de cidades onde se pode construir uma carreira profissional, fico me perguntando que carreira pode ser construída? Que homem estamos construindo?

A vitória da “tradição”, saída honrosa ou empate premeditado?

O Diretório Municipal do PMDB de Maringá realizou ontem (15/07) sua convenção para a escolha de uma nova presidência. Na disputa a Chapa Roberto Requião, encabeçada por Humberto Crispin e a Chapa Manda Brasa, liderada por uma dupla, sem se saber direito quem liderava, Mario Hossokawa ou Pupin. A chapa Governador Roberto Requião obteve 587 votos e a chapa Manda Brasa, 499 votos. Mas, quem venceu?
Ficamos durante o final de junho e a primeira quinzena de julho em uma discussão “profunda” sobre o destino do maior partido do Brasil em Maringá. Acreditava, até mesmo, em uma intervenção do Governador, mas quando Requião ao inaugurar uma obra do Corpo de Bombeiros em Jandaia do Sul disse que aceitaria a chapa que vencesse as urnas, pensei: democracia doméstica não combina com a política de caudilho. Da mesma forma me veio a lógica de Maquiavel em sua obra “O Príncipe”, o governante entrega ao povo o direito de decidir o que não tem escolha, já está decidido.
Acredito que, pelos números, a vitória da chapa Roberto Requião faz sentido no próprio nome, a liderança do partido é fruto de uma sociedade de interesses múltiplos e que se vê minada pela capacidade de articulação de lados opostos, que se unem para manter o poder, eis a lógica da política e de quem governa. Crispin continuará mais pelo amor a cadeira e seus benefícios do que pela função, isto se existe outra função que não seja permanecer. Na capacidade de sobrevivência Crispin é mestre.
A Chapa Manda Brasa tinha nomes históricos, mas em grande parte foi organizada para conter as articulações que poderiam ocorrer com o PMDB procurava defender interesses ligados a Silvio Barros II, este objetivo foi alcançado, mesmo com uma derrota nas urnas. A nova composição da diretoria do partido impedirá excessos nas coligações, facilitando articulações e possibilidades sem contratempos para quem estiver disposto a negociar com a sigla.
Acredito, enfim, que não houve uma vitória, mas o resultado foi o empate, como tudo no PMDB não se define nas urnas internas do partido, ou nas eleições que participa pelos cargos públicos no país. O PMDB permanece pois está em todos os lados e em tudo. É um partido de negócios constantes e sócios temporários. Parece mais uma bolsa de valores do que um partido político. Nesta lógica, Cláudio Ferdinandi foi o grande vencedor, um pemedebista histórico e único capaz de administrar uma sociedade como o PMDB.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Frente de ocupação urbana

Prefeitura Municipal de Maringá busca mecanismos legais para criar condições de se obter terrenos para a construção de casas populares. As chamadas Zonas Especiais de Interesse Social são espaços que podem ser reservados para a construção de moradias para as camadas populares, respeitando o plano diretor da cidade.
A regulamentação dos terrenos, através do plano diretor, é flexibilizar as diretrizes para se obter terrenos para a construção de moradias populares por um custo menor através de financiamento da casa própria. Cerca de 8 mil pessoas estão a espera de uma casa própria.
O poder municipal esta levantando a realidade econômica destas oito mil pessoas. A intenção é ter uma dimensão do problema e poder superar as necessidades com um projeto de construção de moradias, no máximo em médio prazo.
A moradia é um desejo de boa parte da população de baixa renda. Construímos em toda a nossa vida a casa própria como um dos sinais de prosperidade pessoal. Contudo, se formos analisar as condições em que muitas casas populares são oferecidas e sua localização, percebemos que a “casa própria” pode ser uma contradição em relação ao interesse do próprio cidadão que tanto a deseja. Morar distante demais do local de trabalho pode inviabilizar a moradia. Optar pela casa ou pelo emprego pode significar perder os dois – emprego e casas. Outro fator a ser relevado é o custo de mensalidades de financiamento, as quais podem transformar o aluguel em peso menor que a mensalidade da casa própria.
Não podemos nos esquecer que ao longo do tempo a localização de casas populares eram fundamentais para tornarem atraente para o mercado imobiliário terrenos distanciados do perímetro urbano. As casas populares servem com elemento de expansão do comércio de lotes urbanos, fazendo com que se viabilize estruturas públicas como luz, água, pavimentação, segurança, educação e se estimule a implantação de transporte coletivo e comércio varejista, ambiente necessário para um bom mercado imobiliário. Esta é uma condição inevitável nas relações de capital, o que não viabiliza uma política de moradia pública. Apenas temos que promover a valorização de terrenos sem impedir que seja eficiente e cumpra as necessidades de quem é o objeto de interesse de uma política habitacional, a população de baixa renda.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Agradecendo a participação

Fiquei muito contente com a possibilidade de participação do "Programa Contraedição". É sempre fundamental ter uma discussão com um formato sóbrio e profissionais coerentes ao nosso lado. O trabalho com o Angelo e o Ravagnani foi muito positivo. Quanto a possibilidade de trabalhar permanentemente no programa estamos discutindo, mas fiquei feliz pela oportunidade.

Baleado e sem médico, assim está a sociedade

Alessandro era frentista e foi baleado pelo assaltante e levado para atendimento médico no HU (Hospital Universitário). Contudo a falta de vagas na UTI deixa a vítima de um assalto diante de uma outra condição em que é vítima, o descaso da saúde pública.
De repente estamos vivendo os mesmos dramas dos grandes centros, porque de repente viramos um pesadelo que nossa imagem de comunidade segura e pacífica não suportou.
Nossos aparatos de segurança anunciados pelos meios de comunicação como eficientes mostram fragilidade diante do crescimento das ações de violência. Os limites para controlar a ordem social já não funcionam com a mesma eficiência. O que está ocorrendo? O que mudou?
Acredito que as transformações econômicas e sociais não foram acompanhadas pelos serviços públicos. Acredito que não temos mais a condição de garantir que a política de desenvolvimento de Maringá pare em uma proporção em que, o nosso “condomínio fechado”, sobreviva sem invasores. Já estamos invadidos.
Se formos tentar entender o porque Maringá sempre sonhou em se isolar das condições de violência, entre elas a miséria que se concentra em sua periferia, chegaremos a conclusão que o principal fator da violência é o tráfico, que grande parte dos assaltos e vítimas são conseqüência da busca de condições de consumo de drogas.
A constatação final de todo o drama do frentista que foi baleado e pode ser vitima da falta de atendimento médio é que, a falta de segurança e o descaso com a saúde são o reflexo de uma cidade que não soube compreender que o pior bandido não é o marginal periférico, mas sim, os filhos bem alimentados e saudáveis que consomem desesperadamente as drogas que alimentam a violência que agora nos assombra. Foi a falta de sentido humano que tem transformado os noticiários em uma seqüência de violência e caos. Se reclamarmos dos barulhos dos vestibulandos e universitários embriados, temos que reclamar do assaltante e do hospital que não tem vagas na UTI, mas temos que assumir que o que colhemos hoje foi uma semente plantada a mais de vinte anos, nossos filhos banhados a excesso e sem perspectiva de futuro.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Envelhecem os ricos e infantiliza-se os pobres

A velhice está chegando em Maringá, segundo o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Teremos um crescimento no número de pessoas com mais de 80 anos, 213%, enquanto a queda no número de crianças será de 39,1%. O envelhecimento é uma tendência nacional. Uma demonstração de maturidade social é exatamente o índice de natalidade baixa. A qualidade vida está também expresso no prolongamento da vida, superar os 80 anos. Mas, as maravilhas dos números da qualidade de vida e da taxa de natalidade convivem com uma realidade cruel. A maioria das natalidades ocorre exatamente na população de baixa renda, a mesma, obviamente, que tem uma baixa perspectiva de vida. Se fizermos um olhar em continentes com África e Ásia teremos um crescimento da natalidade significativamente maior do que no restante do mundo. A falta de condições materiais está associada a falta de perspectiva de vida, mas também, e como reflexo, uma baixa instrução e programação da saúde, falta de programas de prevenção. Miséria faz crescer o número de miseráveis. Os norte-americanos, de forma preconceituosa chamavam os latinos de "baratas", porque se proliferavam em meio a miséria. Agora são os africanos e asiáticos que cumprem este ditado? Claro que não podemos considerar homens como baratas, afinal a comparação é medíocre. As baratas reagem a um instinto lógico, o lixo é sua riqueza e a podridão ambiental o meio mais favorável para sua proliferação, as baratas são lógicas. Nós, seres humanos, apesar de animais, destruímos nossa capacidade de transformação da natureza em prol de nossa sobrevivência planejada, usamos o mesmo instinto das baratas para destruir a lógica, a mesma que já nos deu tantas vitórias.
Temos que aplaudir os números que demonstram a redução da taxa de natalidade e longividade além dos 80 anos, mas há o que condenar um homem que se multiplica na miséria. Diante disto fico pensando que o homem que chegará aos 80 não terá qualidade humana para construir uma convivência e condições sociais melhores? Acredito que, o homem que ira viver muito será um egoísta. Então, pena que vai viver tanto.

sábado, 7 de julho de 2007

Carla Pires

Conversei com Carla Pires no “Ponto de Vista”, amiga de muitos anos na jornada de professora universitária e pesquisadora séria do desenvolvimento da linguagem. O trabalho que Carla tem desenvolvido na Clínica Escola de Fonoaudiologia do Cesumar merece respeito e reconhecimento.
Em nossa entrevista Pires falou da necessidade de conhecimento por pais e educadores do desenvolvimento da linguagem e seus mecanismos, apontou as diversas fases em que a criança passa até consolidar a capacidade de domino da comunicação e da abstração em seu raciocínio.
De toda a entrevista foi fundamental entender que o adulto comete um erro ao se comunicar com a criança partindo do seu entendimento sobre o mundo e não da criança. Muito do que se adquire com prejuízo em relação a linguagem vem da deficiência ambiental ou das relações que a criança estabelece.
Um ambiente comunicativo não significa um lugar recheado de pessoas que conversem muito, mas sim que converse com a criança. Temos que dialogar com as crianças olhando para ela e expressar através de nossas gesticulações e face a capacidade de nos comunicar. Estes são estímulos fundamentais tão importantes quanto a higiene pessoal, ou mesmo a alimentação.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Câmera! Ação! Na tela o bandido do trânsito.

Secretaria de Trânsito fez o primeiro balanço das infrações das câmaras que estão instaladas em Maringá. Em um único cruzamento, o da avenida Itororó esquina com a avenida Jk, em apenas 3 horas ocorreram 230 infrações.
A fala do Secretário Walter Gerlles de que se ocorresse a aplicação de multa para estas infrações “não seria a industria da multa, mas a indústria do desrespeito” é correta. Mas, a partir do dia 10 serão cobradas multas, o que deve encher os cofres públicos de um bom dinheiro dos infratores. Muitos destas multas serão bem aplicadas e com certeza funcionaram como um dos instrumentos mais práticos para a educação no trânsito. Muitos não consideram que o comportamento no trânsito coloca a vida das pessoas em risco. O mundo do automóvel é uma constante propagada e intensificada, o qual parece dar ao motorista todo o direito, contrariando toda a lógica da vida coletiva determinada por regras comuns.
Na próxima semana será colocado um balanço das ocorrências, aí teremos uma radiografia do motorista maringaense. Mas, pelos dados até agora apresentados, não é preciso esperar para concluir que estamos diante de um péssimo motorista. Motoristas mau acostumados, com um comportamento indolente e incapaz de compreender a verdadeira função do trânsito. Espero que diante dos dados que irão saltar das câmaras nos cruzamentos, os marigaenses percebam o que significa ser a segunda cidade em número de veículos por habitantes, ter um grau de poluição elevado por causa dos automóveis, ter um alto índice de acidente e mortes no trânsito.Muito bem vinda as câmaras nos cruzamentos, temo apenas pelo vandalismo que possam sofrer. Como tudo o que denuncia e mostra ao vivo e a cores os responsáveis pelos problemas públicos, sejam pessoas ou câmaras filmadoras, a represaria. Temo pela tentativa de destruição de um instrumento eficiente contra a corrupção de um sinal, como temo por quem denuncia o comércio de drogas, ou ato de desvio de verbas públicas, perseguição e violência.

Nada contra os paulistas

Em comentário que foi ao ar no dia 4 de julho, falei sobre o "invasores paulistas", contudo de uma forma pejorativo. Não tinha ou tenho qualquer intenção de considerar os paulistas invasores, afinal nesta terra todos nós somos estrangeiros e fruto de uma imigração que não pára. Acabei recebendo e-mails que me consideram um agressor dos paulistas e que não gosto da presença deles em nossa cidade. Gostaria apenas de lembrar que sem eles nós não estaríamos aqui, que a presença dos paulistas é tão profunda quanto a proximidade da fronteira ou a grande parte dos times de futebol que os maringaenses cultuam como torcedores. Eu mesmo sou um digno e orgulhos palmeirense. Gostaria de lembrar, também, que nas décadas de 1950 a 1970 existiu o Movimento Separatistas do Paranapanema, encabeçado pelo ex-arcebispo Dom Jaime Luiz Coelho, o qual tinha a intenção de fazer de nossa região um estado, paralela a este movimento alguns desejavam que o norte do Paraná fosse anexado por São Paulo. Assim, o que todas as intenções denunciam é que somos estrangeiros reconstruindo fronteiras o tempo todo, mas há quem busque o título de "nativo".

Política como profissão

Deputados do Paraná votam aposentadoria de R$ 10.200,00. Aposentado seria alcançado aos 60 anos de idade, cinco legislaturas e 35 anos de contribuição para regimes previdenciários. A assembléia legislativa pagará percentual para o fundo de previdência, como qualquer empresa paga aos seus funcionários. Não há o que se espantar, afinal política é profissão e é visto como um investimento de carreira e não de representação.
A questão divide os deputados. Alguns consideram abusivo o valor da aposentadoria em condições em que a maior parte dos brasileiros jamais se aposentou e se aposentará, mas outros, como os deputados Nishimori, avaliam como normal, “como qualquer outra aposentadoria”, segundo ele, citando empresas públicas que tem plano de previdência.
O grande problema da aposentadoria dos deputados é a falta de sentido da função. O que deveria ser uma representação social, uma ação em prol da sociedade, uma demonstração do direito do cidadão e da democracia como fator de construção e ação do Estado, ou mesmo e espírito virtuoso dos que nos representam, se transformou em um “bom emprego”.
Um emprego onde quem o exerce parece não ter patrão, define a suas próprias condições de trabalho e gera seus benefícios.
A vida política é tão atrativa quando o número de candidatos que surgem a cada eleição. Muitos, ao chegarem a função permanecem nela durante décadas, fazem carreiras públicas e um currículo recheado de nomeações e benefícios. Quem não quer um emprego deste?
Quando o deputados Doutor Batista afirma que a vida de um deputado é árdua e marcada por uma dedicação profunda, diria que o peso não faz com que os menos interessados “larguem o osso” ou o ônus. A representação pública, segundo Montesquieu deveria ser uma virtude, mas hoje está mais ligada ao retorno financeiro e as relações de favor.
Quanto a aposentadoria não é de se estranhar seu pedido, estamos diante de uma profissão de carreira e não de uma condição temporária.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Não há do que reclamar

27,8% dos candidatos que fazem o vestibular da UEM (Universidade Estadual de Maringá) são do interior de São Paulo. A Universidade é procurada por vestibulandos de todo o país, mas são os paulistas os que mais se destacam no ingresso dos estrangeiros na UEM para cursar o ensino superior.
A universidade pública cumpre um papel fundamental na vida social e econômica de uma região como a nossa, onde o desenvolvimento econômico voltado a agroindústria, ou mesmo a prestação de serviços expressa um cliente que quer morar em uma cidade onde a qualidade de vida atenda a uma população capaz de consumir. A grande quantidade de instituições de ensino superior em Maringá não é uma obra do acaso, é um reflexo da política social e econômica desenvolvida pela cidade para atender as necessidades de um consumo varejista que atrai alunos de cidades vizinhas, de um bom poder aquisitivo, que encontram em Maringá as benesses de um ambiente voltado aos seus interesses, nem sempre nobres como a formação acadêmica. O número do consumo de bebidas alcoólicas e do tráfico de drogas tem muito a ver com o universitário.
A busca de uma política pública de inclusão não mudaria este quadro, assim como a federalização da Universidade Estadual de Maringá. Uma instituição de ensino reflete as relações sociais, política e econômicas onde ela está inserida, a criatura é o espelho do seu criador.
A federalização da UEM poderia criar uma realidade nova em relação a política de carreira docente, técnico-administrativa, gerar uma condição de sustentação de recursos, mas para a comunidade não traria efeitos, por sinal desprenderia ainda mais o ensino público superior das pressões regionais. O sonho de ter vínculos com o governo federal e não mais com o estadual é um sonho antigo da UEL e UEM. Um sonho que, se um dia se realizasse, ajudaria a levantar ainda mais os muros da instituição com os interesses da cidade.
Quanto as paulistas que "baixam em nossa área", conquistando as vagas que muitos dizem ser dos maringaenses, temos dois caminhos a seguir, nos preparar para vence-los no vestibular, ou defendermos cotas também para os nativos, talvez assim podemos editar uma nova modalidade de carente, o Maringaense mal formado no ensino médio, cujo único mérito terá sido nascer aqui tendo nas mãos um boletim recheado de notas baixas.

terça-feira, 3 de julho de 2007

O homem entra pela noite

O homem entra pela noite, se perde nas trevas, deturpado pela perda da visão. Deus fez a luz como um primeiro ato de gerar a vida, o homem recebeu a luz do dia, mas a estendeu pela noite adentro e deu outro sentido a vida de Deus.
Mas a jornada para o homem ter inventado a extensão do dia, a energia, foi longa. Do fogo a energia elétrica as formas e condutas dos homens foram alterando sua relação com a natureza que o cerca e reconstruindo o próprio homem pelos dias. Do desespero pré-histórico para manter a chama acesa, das guerras travadas pelo fogo ao apertar de um botão que ilumina um quarto e da vida a objetos, uma inversão. Quando se construiu a capacidade de gerar energia o homem acelerou a vida e o desenvolvimento, mas também fez um homem inconsciente de quanta vida existe por trás da energia.
Ontem, no Teatro Calil Haddad foi lançado o livro “Clareira Flamejante”, que resgata a história da energia elétrica, principalmente no Norte do Paraná.
Nela, o jornalista e escritor Rogério Recco, o que já é de sua personalidade, demonstra a capacidade de resgatar a história do surgimento da energia em nossa região e como ela foi um divisor de águas para o desenvolvimento.
Rogério é um homem de consciência e competência, tem se transformado em um instrumento humano para preservar nossa memória e nos dar lucidez para continuar nosso caminho, agora iluminado com sua obra Clareira Flamejante.
Parabéns meu amigo Rogério Recco!