sexta-feira, 29 de junho de 2007

Em casa de malandro

De todo o processo de condenação envolvendo o presidente da Câmara de Vereadores John Alves Correia, o que tem me assustado mais do que o fato que envolveu a compra dos laptops é os depoimentos de alguns vereadores. Uma destas pérolas foi o vereador Humberto Becker, que destruiu o direito e qualquer possibilidade de justiça. Colocou sobre a interpretação dos fatos a própria contrariedade da lei e garantiu que as diversas formas de interpretação dos fatos ilícitos pode dar sentenças múltiplas, dependendo da argumentação jurídica e, muitas vezes, a interpretação dos fatos transforma o bandido em mocinho, segundo o vereador são as visões diferentes sobre o mesmo acontecimento. O vereador demonstrou como a justiça pode trabalhar a favor de quem comete o crime. Argumentou a demora de uma sentença e finalizou usando a si mesmo como exemplo de que já venceu causas consideradas perdidas.
Agora consigo entender aquela máxima sobre as relações conjugais marcadas por uma traição, “negue até o ultimo momento”, afinal, quem sabe, de tanto afirmar inocência o crime desaparece e de uma verdade irrefutável se transforme apenas em fruto da imaginação. Na política e para políticos brasileiros esta afirmação é a única coerência entre ação e o discurso. Negar a própria origem, a verdade e pisar na democracia, na representação e na sua capacidade de moralização da sociedade. O modelo que se apresenta de ética dentro de atos políticos como o que estamos assistindo na Câmara de Vereadores de Maringá, ou no Senado Federal, é o estímulo a ilegalidade, o rompimento da lógica social pela mediocridade dos indivíduos. É a decadência moral de um homem que coloca todos os dias os séculos de produção da razão política no lixo. E aí meu amigo, a traição sempre pode ser discutida como uma culpa de mão-dupla, errou o traidor assim como erra o traído, pode-se repensar a relação e talvez compor outra parceria, mas isto é para as relações maduras e coerentes, para o casamento político dos civilizados. Na casa do machismo hipócrita e autoritário da política brasileira, o parceiro nega a traição e se tocarem no assunto novamente ele bate, por isso existe muita gente que gosta de apanhar. A chamada "mulher de malandro".

quinta-feira, 28 de junho de 2007

A solidão de Marli

O presidente da Câmara de Vereadores de Maringá, John Alves Correa e o proprietário da empresa Informar Assistência Técnica José Wanderley Domingues foram condenados a ressarcir aos cofres públicos 236 mil e 242 reais por causa da compra de 20 notebooks e diversos equipamentos de informática e vídeo que foi feita em 2005. Outros sete funcionários também foram condenados e terão que pagar multa no valor de um mês de seus salários. Nenhum dos vereadores, que respondem pela direção da Câmara na ausência do presidente, que está viajando, se pronunciou. Uns alegam não conhecerem a sentença outros querem analisar o processo, e ainda há quem esteja afastado de suas funções, e por isso não quis se pronunciar, como é o caso do vereador Mário Ossokawa, vice na presidência do legislativo municipal.
Como devemos interpretar este silêncio? Por que tamanha dor em tocar em tão conhecido e popularizado tema, “a compra dos laptops”? Será que o velho ditado cabe, “Quem cala consente”? Estaríamos diante do “silêncio dos inocentes”? Quem fala e declara sua posição é a vereadora Marli Matin, dos Democratas. Seu sentimento de oposição muitas vezes vai além da própria função de legislar, é uma guerra declarada ao poder instituído em torno do Presidente do Legislativo, John Alves Corrêa. Contudo, a vereadora Marli vive a solidão política dos tempos atuais. O maior exemplo disto são os vereadores do Partido dos Trabalhadores que já ombraram, em tempos ídos, os embates sobre a fraude na compra dos notebooks com a vereadora dos Democratas, os petistas agora silenciam. Será uma ordem que vem de cima ou uma vontade que vem de dentro? Após tantas perguntas que não querem calar, mais uma vez a Procuradoria Jurídica da Câmara de Vereadores vai recorrer alegando que não houve fraude. E a novela dos laptops continua. Já nós, dignos e respeitados cidadãos, telespectadores de nossa própria desgraça de fraudes e desvios, não podemos perder os próximos capítulos.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Profissão do futuro

A Polícia Civil do Paraná cumpriu ontem 33 mandados de prisão e 36 de busca e apreensão contra suspeitos de integrar uma quadrilha de hackers, especializada em furtar dinheiro de contas bancárias pela internet. O roubo é de mais de três milhões de reais. A quadrilha desviou dinheiro de contas correntes. A quadrilha formada de jovens que demonstram uma capacidade incrível de lidar com informática, o que os faz habilitados para um mercado de trabalho, contudo estão dispostos a manter o seu próprio negócio, o roubo. A atividade parece mais lucrativa, contudo o lucro obtido com o desvio de dinheiro alheio vai para o consumo de bens supérfluos como carros, bebidas, festas, roupas, possivelmente drogas. Eis a marca da eficiência de uma geração disposta a roubar e gastar intensamente o fruto de seu roubo com o imediato. Não há interesse em constituir patrimônio ou garantias no futuro.
Ao entrarmos na brilhante mente criminosa do hacker entraremos no vácuo que capacita para o crime e denuncia a incompetência com a vida. Não sei o que me dói mais, se a quantidade de dinheiro desviado de contas correntes, muitas delas de pessoas honestas ou a incapacidade dos hackers de gastar o dinheiro de uma forma coerente e lógica. Não que faça diferença em relação ao desvio. Dinheiro que é fruto de roubo não vai se limpar sendo investido em filantropia ou na bolsa de valores, mas denuncia a contradição entre o crime quase perfeito, de um lado fruto da competência mental e do outro da incapacidade de investimento no futuro, o que denunciaria apenas a violência como um meio, se transformou em profissão.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Na lembrança, com muito orgulho.

Hoje acessei o blog do Ângelo Rigon e vi meu comentário sobre a possibilidade de greve dos professores da UEM publicado. Primeiro, eu agradeço ao Ângelo por ter publicado. Mas, também gostaria de declarar que tenho um orgulho imenso de minha história na Universidade Estadual de Maringá, e de tudo o que defendi em minha vida como acadêmico, profissional técnico administrativo, ou mesmo professor. A experiência que a vida universitária me deu não poderá jamais ser substituída por qualquer outra na construção da minha vida profissional.
Lembro-me de Paulo Udo com quem fiz minha filiação no PCB (Partido Comunista Brasileiro) e não PC do B, o que fez e faz uma grande diferença no posicionamento ideológico e na militância dos anos 80. Mas os anos 80 se foram e a Guerra Fria com ele, uma pena. Hoje não sou mais um defensor da causa socialista ou um critico ferrenho do capital.
Hoje percebo que a defesa do socialismo revolucionário ou da luta de classes se perdeu como discurso e também como proposta de uma geração que a minha herdou e não tinha muito claro o que fazer com um discurso fora de lugar. Fico revoltado com o discurso saudosista que minha geração fez aos anos sessenta, o qual teve com legado ter fracassado. É só se lembrar de quem foi José Dirceu ou Genoino e no que se transformaram.
Hoje entendo que lutamos nos anos 80 para conter o ímpeto do nada, buscamos preencher um vazio que a ideologia herdada dos movimentos de 1968 não deu conta ou foi engolido pela sua precariedade diante da mediocridade humana que a sucedeu. Quando fui apresentado às obras de Marx, vivi o dogmatismo da paixão, também não me arrependo nem me sinto prejudicado, ao contrário, esta deveria ser a obrigação de toda a academia, permitir que a consciência e a existência lutem na angústia humana para compreender o mundo a partir de uma ação individual e da consciência coletiva. Quando fizermos uma escolha, a faremos por todos, como diz Sartre. Hoje, infelizmente, vivemos do imediato e ele nos parece muito mais agradável que uma proposta social mais consistente. O nosso maior compromisso é com a satisfação egocêntrica da pessoalidade, da mediocridade, da capacidade limitada da existência particular, sem qualquer compromisso com um projeto coletivo sustentável. As ONGs se proliferam e as ideologias se esvaziaram, a baleia ganhou espaço e a revolução operária se perdeu. De quem é a culpa? Pergunte a um estudante que invadiu a reitoria da USP, talvez, com um profundo sentimento entorpecido pela constante embriagues que lhe é costumeira, lhe dirá: A BALEIA É UMA QUESTÃO DA PRESERVAÇÃO DA NATUREZA, A SOCIEDADE É DA PERDA DA NATUREZA HUMANA. E como um animal, impulsionado pelo instinto, ele se identifica com o “ser” que lhe é mais semelhante.

Onde está? Onde foi parar?

Os professores da Universidade Estadual de Maringá têm um indicativo de greve para 1 de agosto. Os professores pedem 44% de reposição de perdas. E consideram que, se não for atendidos em sua reivindicação, devem paralisar suas atividades no início do segundo semestre deste ano.
Considero que a UEM deveria fazer um calendário à parte e colocar nele, além das férias e dos dias letivos, um mês de paralisação permanente. Afinal, quantas vezes já tivemos um calendário acadêmico remontado para poder regularizar os dias letivos. Calendário que foi fruto de uma greve de longa duração.
As greves de longa duração demonstram a liberdade que as universidades públicas tem para poder expressar seus interesses sem a intervenção do Estado ou das condições econômicas que limitam a maior parte das categorias profissionais na busca de defender seus interesses. Como uma praga propagada sobre a máquina pública, as garantias do funcionalismo público, idealizadas como mecanismos fundamentais para garantir os interesses de sua função, são transformadas em mais uma página do paternalismo estatal que gera a permissividade constante.
Os alunos, que não fogem a regra, se dividem, por que sempre se dividiram. Parte se coloca contrária à possibilidade de greve docente, enquanto outros, contrários a atual diretoria do DCE (Diretório Central dos Estudantes) fizeram manifestação favorável aos professores em frente a reitoria. Melhor se fossem a frente do Palácio do Iguaçu e fazer uma manifestação diretamente para o Governador. Fazer oposição dentro das fronteiras da UEM é cômodo, sempre sem embates ou perdas desafiadores. Não há qualquer diferença em relação os alunos que ocuparam a reitoria da USP, como também em outras universidades do Brasil. O movimento estudantil contemporâneo não é representativo, nada lembra os movimentos estudantis com mais de 20 anos, mas estão dispostos a lutar sem riscos e reivindicar sem reivindicação. As lideranças dos movimentos estudantis são tantas quanto à falta de um projeto de educação comum.
Em entrevista feita por Everton Barbosa (CBN) um acadêmico afirma a importância da UEM para a cidade de Maringá, o que é indiscutível, mas ao afirmar que tudo gira em torno da UEM demonstra o egocentrismo que muitas vezes toma conta do campus universitário. Afirmação expressa o espírito da produção acadêmica de muitos profissionais do ensino superior, voltada para si e distante da intervenção social, contrária as próprias teses universitárias que propõe ou questionam constantemente a vida social.
Outra afirmação hilariante foi a de que a UEM é uma cidade onde tudo gira ao seu redor. Sim, a UEM gostaria de ser uma cidade-estado que, se pudesse, em algum momento, decretaria sua independência em relação à Maringá e ao universo. O sonho que as gerações contemporâneas tem intensamente, viver em meio a tudo sem nada ter que responder pelas conseqüências de seus atos. A isso nós chamamos de paraíso, universitário.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Sorte na vida

A polícia apreendeu computadores em espaço de jogo eletrônico de azar. A prática de jogos de azar é de todas as idades, mas Jovens, muitos deles menores frequentam estes espaços. Todos estão cada vez mais envolvidos com a possibilidade de superar as dificuldades da vida por um ato de sorte. Com isso aprendemos que não são somente as drogas que serve de fuga para encarar a realidade. Temos que ter consciência de vivemos hoje a propagação da falsa idéia da facilidade.
O tempo que muitos gastam em frente a equipamentos que associam lazer e possibilidade de lucro fácil tende a aumentar na mesma proporção que a cultura da ilusão toma nossas vidas na forma de obras literárias, cinematografias ou na publicidade cotidiana.
As máquinas caça-níqueis, os bingos eletrônicos, salas de jogos de azar clandestinas, tem um efeito idêntico às drogas legais e ilegais.
Um símbolo do crescimento da mágica e da sorte está expresso na quantidade de máquinas caça-níqueis, e computadores apreendidos que precisam ser depositados em um espaço fornecido pela iniciativa privada e calculo que uns dias sejam destruídos.
Apesar de toda a atitude de repreensão, precisamos ter claro que o problema ainda e sempre estará na formação da consciência do homem contemporâneo, estamos cada vez mais distante de uma capacidade de entender os elementos materiais que nos constroem e a condição que as relações que geram nossa existência se estabelecem na nossa vida. Vivemos despregados da realidade que nos sustenta. Confundimos as práticas ilusórias, que muitas vezes no lazer serviriam como distração, como uma lógica para a vida e uma reação para as dificuldades humanas.Por isso, no uso das drogas, no fanatismo religioso, nos jogos de azar esta o sinal de que não termos sorte no futuro, e que, realmente vivemos a espera de um milagre.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Revendo a história

Recontando a história das Américas através do relato de Cabeça de Vaca, conquistador espanhol que percorreu o continente americano no século XVI. É importante recontar a história e entender que ela tem muitas versões, a história não é um passado estático, é um olhar contemporâneo sobre um passado que ganha e dá sentido ao presente.
Os heróis da história não são únicos, podem ser os vilões para que a conta de uma outra forma. A descoberta das Américas é uma releitura de nossa própria história, e vale com lição pessoal quando revemos nosso passado e descobrimos e redescobrimos em nossos atos um grande homem ou um homem medíocre. Nossa vida é o retrato de um eterno recontar o passado, o passado que nos justifica.
A arte, o teatro, quando revê o passado, como os gregos fizeram, lembra e gera sentidos ao futuro. Para caminharmos para qualquer lugar temos que entender de onde viemos.
Temos muito que descobrir sobre o passado da América, do Brasil, de onde vivemos e do nosso próprio. Buscar e rever o passado são uma prática saudável e necessária. Pior é não ter coragem de encara-lo.
Quando o sentimento de desprezo pela memória ou a necessidade que esconde-la, entra em sena o homem medíocre, e é este homem que temos que evitar que sobreviva. Destes homens inconscientes que nascem os que destroem a dignidade humana e permite a ascensão de ditadores. É para estes que a liberdade incomoda, por trazer a discordância lógica e demonstrar as diversas faces do homem.
Vá ao teatro, veja a “descoberta da América” e faça algumas descobertas em sua própria vida. Custa apenas um quilo de alimento e um pouco de consciência e bom senso.

O que leva os pais à não vacinarem os filhos?

Uma pergunta que denuncia o que não temos mais com prioridade, a saúde de quem está a nosso lado. Nem a nossa nós cuidamos, imagine de alguém que cada vez mais não representa um elemento fundamental de nossas vidas, os filhos.
Em reportagem vinculada a CBN sobre o consumo de álcool entre crianças e adolescentes, denuncia que o início do consumo de bebidas alcoólicas estava associada a família, ou seja, são os país os primeiros a oferecerem bebidas para os filhos. Contudo, vacina não.
Podemos considerar que uma campanha de vacinação mereça uma grande atenção do Estado e deva ter uma penetração sensível na sociedade. Podemos questionar a eficiência da publicidade que antecedeu a vacinação anunciando a campanha contra a paralisia infantil. Contudo, a saúde preventiva, ou mesmo remediativa, é desprezada ou relegada, o consumo de álcool não.
Mas, se formos entender de uma forma mais lógica o porque, as campanhas publicitárias de bebidas alcoólicas são intensas e atraentes, constantes e interessantes, geram uma sensação de prazer que, pode até estar mais na vacina e sua capacidade de prevenir, mas não terá a mesma sedução.
Campanhas de vacinação precisam ser intensas, demonstrar a importância de prevenir doenças, de manter a higiene pessoal, ou ter e manter uma dieta saudável serial vital para a superação de problemas que atingem parte considerável da população. Reduziríamos a utilização de leitos hospitalares e remédios. Freqüentaríamos menos as farmácias, assim como os bares. Até mesmo uma lei seca seria dispensável diante da consciência de nossas responsabilidades com o futuro. Mas, os pais se esquecem dos filhos por estarem embriagados de mais. Aqui a embriagues não é só da bebida, mas também da vida em torno do umbigo, que para muitos é o centro do mundo.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Volta ao Trabalho

Justiça determinou a reintegração dos 28 servidores que foram exonerados por conseqüência da greve de 2006, por sinal uma das mais, se não a mais, conturbadas da história do poder municipal. A exoneração foi por insubordinação grave. O sindicato dos servidores municipais questionou a decisão de exoneração e recorreu a justiça exigindo, entre ouras coisas, a isonomia, considerando que dos 32, 28 foram exonerados. Outro questionamento do sindicato dos servidores municipais foi o princípio da impessoalidade, visto que ação de insubordinação foi cometia contra o prefeito e o prefeito aplicou a pena.
Por ter sido uma liminar a Prefeitura Municipal vai recorrer tentando suspender a decisão de reintegração dos funcionários exonerados. Já o Sindicado quer anular a decisão de demissão.
A Juiz Carmen Lúcia Ramagio, que assinou a liminar da reintegração dos funcionários aos seus cargos até que o processo esteja julgado em definitivo, considera que não está sem questionado o mérito do processo com a decisão tomada, mas sim a tentativa de não dar prejuízo nem aos servidores com ao erário público.
O que estamos assistindo é o lançamento de uma regravação da velha história que envolve a relação entre o Estado e o funcionalismo público. Estamos presenciando o a luta entre o movimento sindical do funcionalismo público acostumado com as benesses do Estado que tudo perdoa e seu discurso da perseguição ideológica que transforma a ação de violência em luta sindical, com uma tentativa de trazer para a administração pública a prática de punir o ato de vandalismo de excessos que não justifica a luta pelo direito dos trabalhadores.
A luta sindical é legitima e árdua, necessária para garantir os interesses de uma categoria profissional. Não existiria a menor condição de trabalho se não fosse a representação dos trabalhadores, o grande problema é o que se transformou um direito legítimo.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

O recorde agrícola

O IBGE aponta uma safra recorde este ano, mas os produtores agrícolas consideram que o recorde não virá, mas confirmam o excelente momento da capacidade produtiva do país. Assim a agricultura é recorde e garante ao sul do Brasil a liderança, com mais de 130 milhões de toneladas a agricultura brasileira demonstra o potencial de produção que o campo determina sobre a vida econômica do país. Diante da euforia, uma reclamação, os produtores consideram que o dólar desvalorizado está sendo prejudicial aos produtores e pedem mudanças na política cambial. Não podemos nos iludir, não estamos mais na “república café com leite”, onde tínhamos o império do “rei café” e seus Convênios de Taubaté. Neste período, a história econômica brasileira era marcada pela transformação do Estado em uma extensão do poder agrário-exportador e a economia brasileira era determinada pelo movimento que setores agrícolas determinavam ao país. Não estamos também nas benesses da ditadura militar, que tinha na valorização dos produtos agrícolas e seus subsídios ilimitados, que por sinal fez muito da riqueza de nossa região.
Felizmente vivemos a economia de mercado onde demanda e produção apresentam uma relação vital na compreensão dos preços e produtos como fonte de riqueza. Uma interferência no câmbio do país para atender a setores da economia, seja ele qual for, colocaria em risco toda a política de estabilização econômica, seja a inflação ou investimentos externos.
Os preços dos produtos agrícolas estão em alta no mercado internacional e a nossa agricultura exportadora ganha com isso, assim deve ser mantida a condição de produção, que por sinal teve um avanço tecnológico significativo graças ao mesmo dólar estável e de valor reduzido em relação ao real.
Mais uma vez, volto a repetir, os tempos da república oligárquica cafeeira já passou, assim como dos subsídios agrícolas da ditadura. Temos que entender a economia mundial como um determinante das condições de produção e comercialização de todos os bens produzidos no mundo do capital. Quem defende a interferência do governo federal no câmbio, defende a “socialização de perdas”, ou seja, quando é prejuízo socializamos, quando é lucro fica na mão de poucos.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Você considera namorar importante?

Acredito que o namoro é fundamental. Amar é sempre uma expressão de que o mundo tem alguma esperança e respeito. Mas, o ato de cortejar tem regras, e elas deveriam levar em consideração o respeito a quem se ama e deseja. Mas, aí repousa o problema do namoro contemporâneo. Namorar nem representa uma etapa da conquista ou a manutenção da mensagem fundamental de que se tem alguém na vida. O namoro virou uma condição que satisfaz os namorados, mas não preserva o namoro. O ato de namorar é apenas o pretexto para uma comemoração onde o outro (namorado ou namorada) é a alegoria necessária para se sentir amado.
Quando o dia dos namorados chega, comemoramos com grande intensidade de presentes e declarações. Algumas destas declarações ganham música, flores, trio-elétrico, outdoor, enfim, tudo em nome do “amor”. Mas, em muitos casos o espetáculo não tem compromisso com a obra. O que se anuncia em palavras bombásticas não representa um sentimento duradouro, é apenas a demonstração pirotécnica da comemoração.
Por isso, o jantar a luz de velas, os violinos e flores, as intermináveis declarações de amor regadas à champanhe tem, em muitos casos, a falsa idéia que estamos comemorando algo profundo, mas é apenas, em muitos casos, o imediato. Não há o compromisso em cumprir o que as palavras professam, ou confirmar o que se tem sentido e feito, mas apenas falar para sentir a sensação de como seria se o sentimento realmente existisse.
Contudo, nem tudo está perdido. Quando lembro de meus avós, ou mesmo de meus pais, quando lembro de alguns casais, não me vem a interminável declaração de amor verbal ou simbolizado em objetos. Acredito, mesmo, que meus pais e avós tenham se declarado esteticamente em segredo, e mesmo assim algumas poucas vezes em sua longa trajetória juntos. Os casais contemporâneos declaram amores infinitos que mal duram o dia em que se comemora o dia dos namorados. Aí me pergunto, o que é o amar? E o que é viver amando? E a quem se ama?
Acredito que muitos amam a si mesmo no outro.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

A morte é cada vez mais “jovem”

A morte de Tiago Franchini da Costa abalou de 21 anos abalou. Contudo o desdobramento do fato demonstra que foi mais um crime envolvendo as drogas e os jovens, pior, adolescentes. O vício ganhou uma proporção de dependência na medida em que o viciado supera limites para a compra da droga. Cada vez mais os crimes ganham uma plástica violenta e chegam a atos de crueldade extrema. Não respeitam princípios, tudo vale na busca de satisfazer o desejo da dependência. Dependência que não está só nas drogas, mas é nela que percebemos a dimensão do quanto estamos dependentes. Independente do que seja, nos viciamos intensamente.
No assassinato de Tiago devemos lamentar a vítima e o vilão, todos jovens. Se lamentarmos o jovem estudante de medicina pelo futuro brilhante que teria, lamentamos os que o assassinaram por ter chego ao fundo do poço e não ter futuro nenhum.
É muito sedo para morrer e matar assim. É muito pouco tempo para alguém ficar dependente de drogas e dar a vida por isso. Facilitamos o acesso a tudo sem construir um ser humano para lidar com a própria vida.
A morte de jovens e a violência que eles praticam, ocorrem em qualquer lugar, os espaços já não definem as intenções, e em todos os lugares que vamos nos encontramos com todas as possibilidades, inclusive a de não voltar. Infelizmente, temos que acreditar que estar vivo e continuar vivendo, pode ser, em alguns casos, uma questão de sorte.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Adultescência

Dizem que a adultescência é a manutenção de hábitos, práticas da adolescência na fase adulta. Homens e mulheres que estão entre 30 e até mais de 40 anos e mantém costumes e hábitos típicos de um adolescente. Jogos, música, roupas e, é claro, consumo. Para os adeptos da prática, associar objetos e costumes dos adolescentes contemporâneos, ou mesmo valores de sua adolescência, é saudável e buscam a manutenção do que chamam "espírito jovem".
Não vejo problemas na adultescência se ela não fosse uma forma de disfarçar a "falta de juízo", ou até mesmo o medo de crescer e assumir responsabilidades.
Ao assumir a imagem de um adolescente, muitos homens que tem uma idade "adulta" fogem de enfrentar seus problemas e de se responsabilizar em educar a geração de adolescentes que, necessitando de uma orientação e modelo, tem que conviver com um adulto que se nega a crescer, o "adultescente".
Fico envergonhado em ter que admitir que parte da minha geração (a dos quarentões) não conseguiu produzir sua própria maturidade e reedita valores de gerações que a antecederam ou tentam reproduzir a adolescência contemporânea. Minha geração tem componentes que são eternos filhos, que apesar dos trinta e quarenta, ainda não saíram da barra da saía dos pais e estão desempregados por não saber ter feito escolhas.
Assim temos que separar os adultescentes. Eles podem ser apenas a escolha pelo prazer, o gosto pelos valores e estética da adolescência, e o adulto ainda é determinante nesta escolha e sabe seus limites. O outro, abominável adultescente, é aquele que assumiu integramente a adolescência, por mais que sua idade contradiga seu desejo, ele se nega a ser homem adulto pois a responsabilidade da vida é um peso insuportável, fardo difícil de carregar. Aí a preocupação deve ser com as gerações de adolescentes que tem como pais um adultescente. Ou serão adultos precoce, o que de certa forma resolveria o problema, ou não saíra das fraldas. Os netos dos adultescentes, possivelmente, se neguem a nascer e prolonguem a gestação por anos.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Semelhanças de um ditador

“Cercado por um mar de lama!” A expressão, em plena decadência de sua fase populista, quando exercia a presidência da república em 1954, Getúlio Vargas assumia que vinha de dentro do Palácio, na época, do Catete, e o que é pior, de sua família, a destruição de sua imagem que culminou com um fim trágico, seu suicídio em agosto de 1954. Getúlio, naquele tempo, estava cercado por problemas de corrupção, combatido por CPIs e próximo a agonia política. Mesmo assim, contava com um grande apoio popular, o que fez de sua morte uma tragédia, contrariando a oposição que esperava um alívio.
Hoje, Luis Inácio Lula da Silva tem sua família próxima a um drama getulista. Seu filho é apontado como um beneficiário do esquema Telemar, seu irmão, Vavá, acusado de envolvimento com Nilton Servo, ex-deputado, vergonhosamente por Maringá, que chefiava uma quadrilha de jogos ilegais, e foi preso em Uberlândia. Outra proximidade getulista em Lula é o envolvimento de um “compadre” Dario Morelli Filho envolvido na Operação Xeque-Mate, acusado de corrupção ativa e formação de quadrilha.
Mas, apesar das semelhanças das “famílias metralhas”, o final me parece não ser o mesmo. Não teremos suicídio por parte de Lula. Uma demonstração de novos tempos ou a falta de coragem do postulante ao auto-extermínio?
Acredito que existe uma condição nova que impeça que a tragédia se repita. Como afirmava Marx, o teórico do socialismo científico, na história quando algo se repete é porque no original foi uma tragédia, sua nova versão é uma comédia.