Os professores da Universidade Estadual de Maringá têm um indicativo de greve para 1 de agosto. Os professores pedem 44% de reposição de perdas. E consideram que, se não for atendidos em sua reivindicação, devem paralisar suas atividades no início do segundo semestre deste ano.
Considero que a UEM deveria fazer um calendário à parte e colocar nele, além das férias e dos dias letivos, um mês de paralisação permanente. Afinal, quantas vezes já tivemos um calendário acadêmico remontado para poder regularizar os dias letivos. Calendário que foi fruto de uma greve de longa duração.
As greves de longa duração demonstram a liberdade que as universidades públicas tem para poder expressar seus interesses sem a intervenção do Estado ou das condições econômicas que limitam a maior parte das categorias profissionais na busca de defender seus interesses. Como uma praga propagada sobre a máquina pública, as garantias do funcionalismo público, idealizadas como mecanismos fundamentais para garantir os interesses de sua função, são transformadas em mais uma página do paternalismo estatal que gera a permissividade constante.
Os alunos, que não fogem a regra, se dividem, por que sempre se dividiram. Parte se coloca contrária à possibilidade de greve docente, enquanto outros, contrários a atual diretoria do DCE (Diretório Central dos Estudantes) fizeram manifestação favorável aos professores em frente a reitoria. Melhor se fossem a frente do Palácio do Iguaçu e fazer uma manifestação diretamente para o Governador. Fazer oposição dentro das fronteiras da UEM é cômodo, sempre sem embates ou perdas desafiadores. Não há qualquer diferença em relação os alunos que ocuparam a reitoria da USP, como também em outras universidades do Brasil. O movimento estudantil contemporâneo não é representativo, nada lembra os movimentos estudantis com mais de 20 anos, mas estão dispostos a lutar sem riscos e reivindicar sem reivindicação. As lideranças dos movimentos estudantis são tantas quanto à falta de um projeto de educação comum.
Em entrevista feita por Everton Barbosa (CBN) um acadêmico afirma a importância da UEM para a cidade de Maringá, o que é indiscutível, mas ao afirmar que tudo gira em torno da UEM demonstra o egocentrismo que muitas vezes toma conta do campus universitário. Afirmação expressa o espírito da produção acadêmica de muitos profissionais do ensino superior, voltada para si e distante da intervenção social, contrária as próprias teses universitárias que propõe ou questionam constantemente a vida social.
Outra afirmação hilariante foi a de que a UEM é uma cidade onde tudo gira ao seu redor. Sim, a UEM gostaria de ser uma cidade-estado que, se pudesse, em algum momento, decretaria sua independência em relação à Maringá e ao universo. O sonho que as gerações contemporâneas tem intensamente, viver em meio a tudo sem nada ter que responder pelas conseqüências de seus atos. A isso nós chamamos de paraíso, universitário.
sexta-feira, 22 de junho de 2007
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