Acredito que o namoro é fundamental. Amar é sempre uma expressão de que o mundo tem alguma esperança e respeito. Mas, o ato de cortejar tem regras, e elas deveriam levar em consideração o respeito a quem se ama e deseja. Mas, aí repousa o problema do namoro contemporâneo. Namorar nem representa uma etapa da conquista ou a manutenção da mensagem fundamental de que se tem alguém na vida. O namoro virou uma condição que satisfaz os namorados, mas não preserva o namoro. O ato de namorar é apenas o pretexto para uma comemoração onde o outro (namorado ou namorada) é a alegoria necessária para se sentir amado.
Quando o dia dos namorados chega, comemoramos com grande intensidade de presentes e declarações. Algumas destas declarações ganham música, flores, trio-elétrico, outdoor, enfim, tudo em nome do “amor”. Mas, em muitos casos o espetáculo não tem compromisso com a obra. O que se anuncia em palavras bombásticas não representa um sentimento duradouro, é apenas a demonstração pirotécnica da comemoração.
Por isso, o jantar a luz de velas, os violinos e flores, as intermináveis declarações de amor regadas à champanhe tem, em muitos casos, a falsa idéia que estamos comemorando algo profundo, mas é apenas, em muitos casos, o imediato. Não há o compromisso em cumprir o que as palavras professam, ou confirmar o que se tem sentido e feito, mas apenas falar para sentir a sensação de como seria se o sentimento realmente existisse.
Contudo, nem tudo está perdido. Quando lembro de meus avós, ou mesmo de meus pais, quando lembro de alguns casais, não me vem a interminável declaração de amor verbal ou simbolizado em objetos. Acredito, mesmo, que meus pais e avós tenham se declarado esteticamente em segredo, e mesmo assim algumas poucas vezes em sua longa trajetória juntos. Os casais contemporâneos declaram amores infinitos que mal duram o dia em que se comemora o dia dos namorados. Aí me pergunto, o que é o amar? E o que é viver amando? E a quem se ama?
Acredito que muitos amam a si mesmo no outro.
terça-feira, 12 de junho de 2007
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