sexta-feira, 29 de junho de 2007

Em casa de malandro

De todo o processo de condenação envolvendo o presidente da Câmara de Vereadores John Alves Correia, o que tem me assustado mais do que o fato que envolveu a compra dos laptops é os depoimentos de alguns vereadores. Uma destas pérolas foi o vereador Humberto Becker, que destruiu o direito e qualquer possibilidade de justiça. Colocou sobre a interpretação dos fatos a própria contrariedade da lei e garantiu que as diversas formas de interpretação dos fatos ilícitos pode dar sentenças múltiplas, dependendo da argumentação jurídica e, muitas vezes, a interpretação dos fatos transforma o bandido em mocinho, segundo o vereador são as visões diferentes sobre o mesmo acontecimento. O vereador demonstrou como a justiça pode trabalhar a favor de quem comete o crime. Argumentou a demora de uma sentença e finalizou usando a si mesmo como exemplo de que já venceu causas consideradas perdidas.
Agora consigo entender aquela máxima sobre as relações conjugais marcadas por uma traição, “negue até o ultimo momento”, afinal, quem sabe, de tanto afirmar inocência o crime desaparece e de uma verdade irrefutável se transforme apenas em fruto da imaginação. Na política e para políticos brasileiros esta afirmação é a única coerência entre ação e o discurso. Negar a própria origem, a verdade e pisar na democracia, na representação e na sua capacidade de moralização da sociedade. O modelo que se apresenta de ética dentro de atos políticos como o que estamos assistindo na Câmara de Vereadores de Maringá, ou no Senado Federal, é o estímulo a ilegalidade, o rompimento da lógica social pela mediocridade dos indivíduos. É a decadência moral de um homem que coloca todos os dias os séculos de produção da razão política no lixo. E aí meu amigo, a traição sempre pode ser discutida como uma culpa de mão-dupla, errou o traidor assim como erra o traído, pode-se repensar a relação e talvez compor outra parceria, mas isto é para as relações maduras e coerentes, para o casamento político dos civilizados. Na casa do machismo hipócrita e autoritário da política brasileira, o parceiro nega a traição e se tocarem no assunto novamente ele bate, por isso existe muita gente que gosta de apanhar. A chamada "mulher de malandro".

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