quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Vítima de si mesmo

O estrelato é a busca e ao mesmo tempo a condenação. O desejo de conquistar um espaço ao sol para grande parte dos brasileiros é uma luta diária, construção constante de possibilidades que inúmeras vezes não chega. Para o jogador de volei Ricardinho seu lugar ao sol se confunde com a própria atividade do astro rei, o homem de luz própria. Ao lançar o seu livro "Levantando a Vida" atraiu seus fãs para conhecerem sua história e, principalmente, trajetória no esporte que o cansagrou com o melhor levantador de volei do mundo. Mas, o que fez do lançamento de seu livro um espetáculo foi o corte de Ricardinho da equipe brasileira de volei que disputou o Panamericano do Rio de Janeiro. Na entrevista coletiva da obra que tem ele próprio como tema, o jogador deu entrevista sobre os motivos que o levaram a ser cortado da equipe brasileira. Alguns manhas e artimanhas ficaram claras. Na entrevista não ficou claro sobre corte da seleção, o jogador transferiu para o técnico Bernardinho a responsabilidade de esclarecer. O lançamento do livro ficou em segundo plano, talvez nem fizesse sucesso se não fosse o corte. Resta saber se Bernardinho terá participação na comercialização da obra, afinal o corte do jogador foi o elemento que deu destaque ao lançamento do livro.
Em meio a entrevista Bernardinho argumenta que a medalha de ouro do Pan foi arrancada de seu peito. Que tiraram a coroação de sua carreira brilhante, faltando apenas a medalha do Panamericano. O que me pergunto é se o campeonato viria com a presença de Ricardinho no time, se o relacionamento com a comissão técnica não afetaria o desempenho da equipe.
Calculo que Bernardinho agiu de forma correta, pensar na medalha do país é mais saudável que os delírios do rei sol.
Ricardinho considerava-se um líder da equipe e representou, segundo ele, a vontade da equipe de não dividir o prêmio da conquista no Pan com a comissão técnica. Antes de jogar já estava se dividindo o prêmio da vitória, que autoconfiança, que soberba magnífica, que determinismo despótico. Algo tipicamente brasileiro, é importante pensar no valor do esporte e do ídolo, ele sempre será medido pela moeda, mais do que o caráter. Mais que o corte de um jogador é o afastamento de um sócio.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gilson, pela imprensa já ouvi os dois lados do "drama". E pelo jeito a corda arrebentou bem no lugarzinho de sempre... o mais fraco: Ricardinho. Mas convenhamos, Bernardinho é O CHEFE, e com aquela fala apressada e mal pronunciada, feito Delúbio, me passa uma imagem de arrogância, prepotência... Quanto ao assunto de medalha, etc e tal, é outra coisa. É só lembrar que o time, mesmo sem técnico, ganha medalhas pela competencia individual somada, mas o técnico sozinho, apenas com toda sua competência, é um motor sem veículo...